domingo, 25 de agosto de 2024

Sabor de mar

Escrevo através da minha lente límpida e salina,

Que distorce meu mundo, pesando um fardo no olhar.

Com sabor oceânico, ela me afoga, não me traz paz.

É silenciosa e sutil,

Reside na dor,

Seu refúgio preferido, meu eterno desconforto.


Ela molha as feridas, impedindo de cicatrizar.

Quando isso vai passar?

Quanto tempo mais aguento?

Será que consigo enxergar através dessa lente turva?


Mais uma crise, mais um poema,

Mais um pedido de socorro pra mim mesmo.

Será que dessa vez eu escuto?

Um terrível paradoxo,

Onde me sinto sozinho,

Na companhia da pior pessoa que conheço—eu mesmo.


Quem sou eu nessa solidão?

A sombra no espelho, o reflexo distorcido,

A voz que ecoa sem resposta.

O que mais falta para quebrar esse ciclo?


Mas como diz o poeta:

Lágrimas molham a medalha de um vencedor,

Chora agora, ri depois,

Humanidade é má e até Jesus chorou.


Lucas Vechiato




quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O Mundo ao Meu Redor

HÁ ALGO DENTRO DE MIM 
QUE RASGA MINHA PELE DE DENTRO PRA FORA 
ESSES FERIDAS QUE SE ABREM CICATRIZAM-SE
MAS NUNCA SE CURAM 
O MEDO É O QUE ME DERRUBA 
EU NÃO VOU SUPORTAR 
O QUE É REAL? 
ESSE PESAR HABITA EM MIM 
EU ESCUTO A MINHA PRÓPRIA SOMBRA 
SOMBRAS 
ELAS NÃO ME ESCUTAM 
EU CORRO PRO OCEANO 
E AFUNDO 
ME DEBATO ENQUANTO OLHO PARA A SUPERFÍCIE
MAS NÃO ERA LÁ QUE EU ESTAVA PERDIDO? 
O MUNDO AO MEU REDOR MATA-ME LENTAMENTE 
NOS VICIAMOS NAQUILO QUE NOS DESTRÓI
ONTEM EU SONHEI QUE CARREGAVA MEU PAI EM MEUS BRAÇOS 
ELE JÁ TINHA CHEGO NO FUNDO 
O QUE É QUE TEM DE ERRADO COMIGO? 

HÁ ALGO DENTRO DE MIM 
QUE ME PUXA DE FORA PRA DENTRO 
ESSAS FERIDAS DOEM 
ME DESPERTAM 
O MEDO É O QUE ME LEVANTA 
ESTENDO A MÃO PARA AS MINHAS PRÓPRIAS SOMBRAS 
SOMBRA 
EU HÁ ENTENDO 
E LEVANTO 
HÁ AREIA MOLHADA ENTRE AS MINHA UNHAS 
SINTO A BRISA MARINHA 
O MUNDO AO MEU REDOR MATA-ME LENTAMENTE 
NÃO QUERO VER O PIOR EM MIM 
NÃO POSSO DEIXAR ISSO SER VERDADE 
ANDO ENTRE A ESCURIDÃO 
EM PRESENÇA DA LUZ 
ESMAGADO PELO PESO DA TRISTEZA
NÃO TEM NADA PARA SER DITO 
EU SÓ QUERO ESTAR COM VOCÊ 
ATÉ O FIM 

Lucas Vechiato



quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Água mole em pedra dura?

Eu só não quero ser moldado.
Tornar-me flexível ao alheio.
Deixar que manipulem minha excelência.
Dizer sim, quando penso que não.
Só não quero deixar de ser eu mesmo.
Com todas as imperfeições que me tornam do caralho.
Só não quero ir com a maré.
Nesse mar cinzento.
E talvez isso possa soar como uma crítica social.
Mas a realidade é uma comida de rabo a quem vejo no espelho.

Lucas Vechiato 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Pés cansados

Sentiu sede.
Sentiu fome.
Sentiu sono.
Sentiu frio.
Sentiu os pés cansados.
E o tempo passar.
Sentiu nostalgia.
E o riso da criança ao luar.
Sentiu medo.
E se sentiu só.
Sentiu dúvidas.
Sentiu-se divido.
Sentiu a vida.
Sentiu-se vivo.

Lucas Vechiato


sexta-feira, 10 de junho de 2016

O beijo da Libélula

Ela acordou decidida.
Mandou mensagens para seus amigos e conhecidos.
Tomou café e comeu uma maçã.
Mas não se trocou.
Vestindo seu moletom surrado, ela abriu a porta e saiu de casa.
O frio congelava as pontas dos dedos de sua mão.
Mas isso não a incomodava.
Não mais.
Na verdade ela estava entorpecida em nostalgia.
De momentos vividos e outros eu nunca existiram.
A garoa se transformou em chuva.
A rua se transformou em estrada.
E a garota se transformou em anjo.
Que ao atravessar, se despediu precocemente da vida.

Lucas Vechiato


sábado, 26 de março de 2016

Empecilhos?

Vontades florescem dentro do meu peito.
Mas suas raízes são confusas. 
Cada vez mais perco-me nessas sensações. 
Algo que não consigo explicar nem a mim mesmo. 
O subconsciente me prega peças.
Zomba da minha cara através dos sonhos. 
E realidade é o tapa na cara ao despertar. 
Dentre analogias e subtextos meu sentimento se esconde. 
A verdade está aqui. 
No meio da multidão de palavras. 
Talvez eu precise de um afago. 
Um beijo na testa. 
E uma xícara de café. 
Talvez eu precise não precisar do que sinto. 
Do que penso. 
Do que quero. 
As coisas deveriam ser mais simples. 
Mas eu tendo a querer jogar a vida no modo hard. 
Porque eu me apaixono por cada obstaculo. 
E cada obstaculo causa algo em mim. 

Lucas Vechiato


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Neurose

Eu sinto o tempo passar
Como uma ventania antes da chuva
Vejo as mudanças
E o que nada muda
Sinto a vontade do fazer
Nascer e morrer
Dentro de mim
Essa neurose não acaba
Não importa o que eu faça
As vezes fica sumida
Mas sempre volta a dar as caras
Quem sabe a inspiração
Tenha mudado de opinião
E queira algo sério comigo
Mas talvez agora para ela
Eu não possa ser nada mais do que um amigo
E que tolo eu sou por mais uma vez pensar assim
Mas eu já havia deixado claro
Que essa neurose sempre foi o meu começo
Meio
E fim.

Lucas Vechiato



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Gula de viver

Estou aproveitando um dia de cada vez.
Chega dessa gula de viver. Aprecie o sabor da vida.
Deguste os momentos.
Eles não voltam.
Engula tranquilamente cada dia.
Se satisfaça com o agora.
O amanhã é incerto.
É apenas uma probabilidade.
A certeza é hoje.
Coloque suas ideias no papel.
Livre-se dos obstáculos.
Foi você que os colocou.
Chore. Sorria.
Não reprima seus sentimentos.
Reflita.
Faça.
Ame.
Viva.

Lucas Vechiato





segunda-feira, 14 de setembro de 2015

E se foi

A verdade é que eu já deveria ter me acostumado
Me acostumado a aceitar que toda glória é passageira
Que bons momentos duram menos que o palpitar de um coração
Ou uma noite de sono
Deveria ter aceitado que a minha plenitude
É como um catavento no olho de um furacão
Que minha paz de espírito é tão duradoura
Como papel sobre a água
As vezes meu sorriso parece ser maquiagem de palhaço
Que se desfaz após um dia de trabalho
Quando chega o cansaço
E talvez, quem saiba eu só precise de um abraço
Ou fugir para qualquer lado
Mas de uma coisa eu estou certo
Eu deveria ter me acostumado. ..

Lucas Vechiato


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Nossa dor

Há um tempo eu venho não querendo sentir
Só não queria ter de chorar
Só não queria ter de ficar triste
Não querer me sentir assim
Mas a males que vem pro bem
Há um tempo eu venho não querendo sentir
Só não queria ter de ficar com esse nó na garganta
Só não queria ter descoberto o que descobri
Não queria sentir essa dor
Mas ela é só minha
E precisa ser sentida
Faz parte do ciclo
Do equilibro
Da vida
Essa que é irônica, sádica e insana
Mas continua linda
Que nos magoa
E ao mesmo tempo nos proporciona um novo dia
Aonde podemos dar o melhor de si novamente
Tentar de novo
E graças a dor
Tomar um caminho diferente

Lucas Vechiato