domingo, 25 de agosto de 2024

Sabor de mar

Escrevo através da minha lente límpida e salina,

Que distorce meu mundo, pesando um fardo no olhar.

Com sabor oceânico, ela me afoga, não me traz paz.

É silenciosa e sutil,

Reside na dor,

Seu refúgio preferido, meu eterno desconforto.


Ela molha as feridas, impedindo de cicatrizar.

Quando isso vai passar?

Quanto tempo mais aguento?

Será que consigo enxergar através dessa lente turva?


Mais uma crise, mais um poema,

Mais um pedido de socorro pra mim mesmo.

Será que dessa vez eu escuto?

Um terrível paradoxo,

Onde me sinto sozinho,

Na companhia da pior pessoa que conheço—eu mesmo.


Quem sou eu nessa solidão?

A sombra no espelho, o reflexo distorcido,

A voz que ecoa sem resposta.

O que mais falta para quebrar esse ciclo?


Mas como diz o poeta:

Lágrimas molham a medalha de um vencedor,

Chora agora, ri depois,

Humanidade é má e até Jesus chorou.


Lucas Vechiato




Nenhum comentário:

Postar um comentário