quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Água mole em pedra dura?

Eu só não quero ser moldado.
Tornar-me flexível ao alheio.
Deixar que manipulem minha excelência.
Dizer sim, quando penso que não.
Só não quero deixar de ser eu mesmo.
Com todas as imperfeições que me tornam do caralho.
Só não quero ir com a maré.
Nesse mar cinzento.
E talvez isso possa soar como uma crítica social.
Mas a realidade é uma comida de rabo a quem vejo no espelho.

Lucas Vechiato 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Pés cansados

Sentiu sede.
Sentiu fome.
Sentiu sono.
Sentiu frio.
Sentiu os pés cansados.
E o tempo passar.
Sentiu nostalgia.
E o riso da criança ao luar.
Sentiu medo.
E se sentiu só.
Sentiu dúvidas.
Sentiu-se divido.
Sentiu a vida.
Sentiu-se vivo.

Lucas Vechiato


sexta-feira, 10 de junho de 2016

O beijo da Libélula

Ela acordou decidida.
Mandou mensagens para seus amigos e conhecidos.
Tomou café e comeu uma maçã.
Mas não se trocou.
Vestindo seu moletom surrado, ela abriu a porta e saiu de casa.
O frio congelava as pontas dos dedos de sua mão.
Mas isso não a incomodava.
Não mais.
Na verdade ela estava entorpecida em nostalgia.
De momentos vividos e outros eu nunca existiram.
A garoa se transformou em chuva.
A rua se transformou em estrada.
E a garota se transformou em anjo.
Que ao atravessar, se despediu precocemente da vida.

Lucas Vechiato


sábado, 26 de março de 2016

Empecilhos?

Vontades florescem dentro do meu peito.
Mas suas raízes são confusas. 
Cada vez mais perco-me nessas sensações. 
Algo que não consigo explicar nem a mim mesmo. 
O subconsciente me prega peças.
Zomba da minha cara através dos sonhos. 
E realidade é o tapa na cara ao despertar. 
Dentre analogias e subtextos meu sentimento se esconde. 
A verdade está aqui. 
No meio da multidão de palavras. 
Talvez eu precise de um afago. 
Um beijo na testa. 
E uma xícara de café. 
Talvez eu precise não precisar do que sinto. 
Do que penso. 
Do que quero. 
As coisas deveriam ser mais simples. 
Mas eu tendo a querer jogar a vida no modo hard. 
Porque eu me apaixono por cada obstaculo. 
E cada obstaculo causa algo em mim. 

Lucas Vechiato


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Neurose

Eu sinto o tempo passar
Como uma ventania antes da chuva
Vejo as mudanças
E o que nada muda
Sinto a vontade do fazer
Nascer e morrer
Dentro de mim
Essa neurose não acaba
Não importa o que eu faça
As vezes fica sumida
Mas sempre volta a dar as caras
Quem sabe a inspiração
Tenha mudado de opinião
E queira algo sério comigo
Mas talvez agora para ela
Eu não possa ser nada mais do que um amigo
E que tolo eu sou por mais uma vez pensar assim
Mas eu já havia deixado claro
Que essa neurose sempre foi o meu começo
Meio
E fim.

Lucas Vechiato